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Como os avanços e os dilemas da edição genética estão mudando a medicina

28/11/2018

Deitado na cama do hospital, Brian Madeux abre um sorriso tenso quando seu braço recebe um acesso intravenoso. Na bolsa de líquido acima de sua cabeça há bilhões de minúsculos fragmentos de DNA desenvolvidos para serem inseridos em seu genoma - o "manual de instrução biológica" encontrado em todas as células do corpo.

 

O americano de 44 anos vive desde o nascimento com uma condição genética rara e potencialmente fatal conhecida como Síndrome de Hunter. No ano passado, ele foi a primeira pessoa no mundo a se submeter a um novo tipo de tratamento que edita os genes dentro de seu corpo. "Tesouras moleculares" minúsculas foram adicionadas à sua corrente sanguínea para cortar o DNA nas células do fígado e inserir um gene para reparar os defeitos. "Estamos no começo de uma nova fronteira da medicina genômica", diz Sandy Macrae, diretora-chefe do Sangamo Therapeutics, a empresa de biotecnologia que desenvolveu o tratamento.

 

Embora ainda seja cedo para saber se a edição do genoma de Madeux funcionou, o procedimento é um marco no campo da ciência e tem sido descrito como capaz de revolucionar a medicina. À medida que mais tratamentos de edição de genes são testados em hospitais ao redor do mundo, a demanda por mais engenheiros genéticos que tornam o procedimento possível deve crescer. O governo britânico prevê mais de 18 mil empregos criados pela terapia celular e genética apenas na Grã-Bretanha até 2030.

 

Já o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA estima um aumento de 7% nos empregos de engenharia biomédica e de 13% no de cientistas na área, somando cerca de 17,5 mil novos cargos. Mas também haverá a necessidade de pessoas especializadas em outras áreas - que ajudem, por exemplo, a compreender a grande quantidade de dados que serão gerados à medida que o tratamento médico se torna mais personalizado.

 

"A terapia genética está rapidamente se tornando uma parte aceita e crescente da indústria de pesquisa e desenvolvimento médico", afirma Michele Calos, presidente da Sociedade Americana de Terapia Genética e Celular - e professora de genética da Universidade de Stanford. "A indústria da terapia genética requer muitos graduados com conhecimento em áreas científicas como genética, medicina, biologia molecular, virologia, bioengenharia e engenharia química, assim como profissionais de negócios", diz Calos.

 

Esperança de cura

 

Muito da comoção em torno da edição genética ocorre por sua capacidade de corrigir problemas que atualmente não têm cura, como a fibrose cística e a hemofilia. Muitas das grandes companhias farmacêuticas apostam que isso se tornará uma ferramenta fundamental no futuro da assistência médica.

 

De acordo com algumas projeções, o mercado global de edição genômica pode dobrar de tamanho em cinco anos (2017-2022), atingindo o valor de US$ 6,28 bilhões (cerca de R$ 23,2 bilhões). No início do ano, o governo britânico anunciou que estava investindo 60 milhões de libras (aproximadamente R$ 287 milhões) em um novo centro de produção de terapia genética para acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos.

 

Nos EUA, o Instituto Nacional de Pesquisa Genômico Humano prevê um considerável aumento na demanda de profissionais na esteira desse crescimento. Já existem cerca de 2,7 mil pesquisas clínicas com terapias genéticas em andamento ou aprovadas ao redor do mundo. Elas buscam combater diversas doenças, como câncer, distrofia muscular e anemia falciforme.

 

A maioria das pequenas empresas de terapia genética por trás desses testes tem parcerias ou recebe investimentos de farmacêuticas maiores, incluindo a Bayer, GlaxoSmithKline, Pfizer, Merck e Novartis. Uma rápida busca em sites de recrutamento revela que a maioria das empresas do ramo está atualmente buscando cientistas de terapia genética.

 

Uma razão para o aumento da demanda por trabalhadores qualificados é a enorme gama de especialidades que provavelmente serão necessárias à medida que as terapias genéticas sejam disponibilizadas ao público. "É um campo realmente multidisciplinar", afirma Güneş Taylor, pesquisadora do Instituto Francis Crick, em Londres. Ela tem aplicado técnicas de edição genética em estudos de cromossomos sexuais. O objetivo é usá-los para ajudar pessoas com problemas de fertilidade ou transtornos de desenvolvimento sexual, como a síndrome de Rokitansky, em que as meninas nascem sem o útero.

 

"Precisamos de cientistas moleculares, engenheiros e cientistas computacionais para nos ajudar a interpretar a grande quantidade de informações que as técnicas genéticas modernas produzem", diz.



Fonte: BBC Brasil | Portal da Enfermagem
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