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Glitter vira vilão e é reinventado com materiais mais naturais

06/02/2018

O glitter nunca esteve tanto nos holofotes --para o bem e para o mal. Item indispensável por aqui há alguns carnavais, chamou tanta atenção que passou a ser analisado de perto e acabou se revelado um vilão ambiental.

 

A maior parte dos glitters é feita de PET (polietileno tereftalato). Cortado em micropedacinhos, o produto é feito basicamente de microplásticos. E, segundo, Felipe Gusmão, oceanólogo e professor do Instituto do Mar da Unifesp, uma vez no ambiente, não há como tirá-los. "Como reciclá-lo?", questiona. "O glitter é feito de um polímero sintético minúsculo que não vai se degradar rapidamente e, pior, será consumido por outros organismos", diz.

 

O trabalho de Gusmão já mostrou que microplásticos são como "pílulas de contaminantes", ou seja, têm capacidade de absorver poluentes como metais pesados e inseticidas. Ingeridos por zooplânctons (animais marinhos minúsculos) e por outros animais da cadeia, em última instância os microplásticos chegam até nós.

 

Não se sabe quais seriam os efeitos dos microplásticos e em humanos, diz Gusmão, mas, do ponto de vista ambiental, ele diz que há muita evidência que demonstra seu impacto sobre diferentes níveis de organização biológica.

 

No início de janeiro, o governo do Reino Unido proibiu que micropartículas de plástico sejam introduzidas em produtos cosméticos e de higiene pessoal, como esfoliantes e pastas de dente, justamente para evitar seu acúmulo nos oceanos.

 

Nos EUA, o Congresso aprovou uma lei similar em 2015 que proíbe a fabricação de produtos com essas partículas. No Canadá, a mesma proibição passou a valer a partir de 1º de janeiro deste ano.

 

As alternativas ambientalmente corretas ao microplástico do glitter começaram a surgir lá fora, com marcas estrangeiras como Glitterlution e Nurture Soap, que usam celulose ou filme biodegradável no lugar do PET ou do PVC.


CARNAVAL

 

Não demorou para que o glitter do Carnaval brasileiro passasse pelo mesmo crivo e a mesma transformação.

 

A artesã Eloisa Toguchi, de São Paulo, que faz cosméticos naturais da marca Lá do Mato, diz que por gostar do Carnaval, testou várias fórmulas até chegar no seu glitter: a mistura de mica, um mineral natural, com corantes de beterraba, urucum e cúrcuma, entre outros. À venda pelo seu site, o frasco com 2 g custa R$ 10.

 

Maíra  Inaê e Noemi  Pug também foram atrás de outra fonte para fazer seu próprio glitter. O Glitra é feito de impressão metalizada num filme à base de celulose, misturado a ceras, manteigas e óleos para hidratar a pele. Cada lata de 8 g custa R$ 45. Para retirar o brilho, bastam água e sabão, dizem as marcas. Outra marca brasileira que apostou no glitter foi a carioca Shock, que mistura pó de mica ao protetor solar. Um pote de 100 ml sai por R$ 40.

 

Toguchi diz que o glitter tradicional sempre será usado. "Tem gente com coisas mais importantes para se preocupar e acho justo. Não vai ser viável para todo mundo, mas pelo menos agora há opções. Se mais pessoas começarem a produzir, o acesso pode ficar mais fácil. Estamos deixando a sementinha para que as pessoas discutam não só o microplástico do glitter, mas outras atitudes e desperdícios".

 

Gusmão vai na mesma linha. "Tudo o que a gente faz impacta o ambiente. No Carnaval tem as fantasias, a garrafa de plástico, de vidro, a latinha, que pelo menos podem ser reciclados. Os pontos de impacto são diversos. Temos que começar a reduzi-los."



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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