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Curado da Covid-19, técnico de Enfermagem volta ao trabalho motivado

02/06/2020

Recuperado após uma semana internado em estado grave com Covid-19, o técnico de enfermagem Danilo Ricardo Laureano, de 37 anos, diz que está pronto para voltar a ocupar sua posição na linha de frente do combate à doença na Santa Casa de Ribeirão Preto (SP) nesta segunda-feira (1º).

 

Três semanas atrás, o profissional de saúde trocou de lugar com os pacientes de quem cuidava e se viu acamado, com falta de ar, febre e dor no corpo, em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Danilo diz que a internação foi difícil, mas serviu para ele compreender o verdadeiro valor da própria profissão. “Acaba sendo um aprendizado. Se já era um bom profissional, vou voltar com muito mais amor aos pacientes, independentemente se estão em isolamento ou o que for, porque percebi que é muito importante essa atenção que a gente dá para o paciente”, diz.

 

Internação – Danilo começou a sentir os primeiros sintomas do coronavírus no dia 7 de maio, enquanto trabalhava. Ele esperou terminar o plantão e, antes de voltar para casa, em Serrana (SP), decidiu passar no pronto-atendimento do Hospital São Francisco.

 

Com dor no corpo e febre de 39°C, o técnico de enfermagem fez exame de sangue, que descartou a possibilidade dos sintomas estarem relacionados à dengue, e raio-x do pulmão, que revelou alterações nos alvéolos e indicou a possibilidade de infecção por Covid-19. “Foi muito difícil acreditar que eu, usando todos os equipamentos de proteção que o hospital deu, adquiri essa patologia”, diz. “As pessoas não estão dando fé, porque só estão vendo falar na televisão e no círculo delas não está acontecendo. Só vão acreditar quando acontecer com elas.”

 

Os médicos pediram que Danilo se afastasse do trabalho e ficasse em isolamento dentro de casa, onde mora com a esposa e o filho, de 5 anos. Uma semana depois, os sintomas se agravaram e o técnico de enfermagem começou a sentir falta de ar.

 

Ele decidiu retornar ao pronto-atendimento e fez outro raio-x, que revelou que a situação do pulmão havia piorado. Os médicos pediram que ele continuasse isolado dentro de casa e começasse a tomar cloroquina e tamiflu combinados com antibióticos. “De 100%, eu estava respirando 75%”, diz. “Fiquei de repouso com falta de ar, fiz toda a orientação que os médicos pediram, como dormir de costa. Passei o dia inteiro ruim, não sentia gosto de nada, aí foi me dando desespero, porque via que minha respiração estava cada vez pior”, lembra.

 

A falta de ar piorou progressivamente, até que, na manhã seguinte, do dia 17, o técnico de enfermagem acordou com princípio de parada respiratória. A esposa chamou uma ambulância e, assim que chegou ao hospital, Danilo foi encaminhado para a UTI. “A garganta fechava, o pulmão na abria e eu não conseguia respirar”, diz. “Acordei respirando só 20%. Estava todo cianótico. Fui direto para a sala de emergência e me colocaram no oxigênio.”

 

Recuperação – O técnico de enfermagem ficou internado por cerca de 72 horas, até o dia 20, no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Depois, ficou mais dois dias em observação em um leito de enfermaria, até receber alta no dia 22. Com os exercícios respiratórios, ele não precisou ser entubado, mas o medo era grande. “Tive certeza de que iria morrer. Era o único pensamento que tive, por tanto sofrimento respiratório”, afirma. “Era um desespero. Por trabalhar na área da saúde, conhecer os procedimentos e ver pacientes conscientes afundando em questão de segundos, o medo era muito grande.”

 

Em meio às incertezas e ao medo de deixar a família, Danilo diz que encontrou no contato com os próprios colegas de profissão a força necessária para se manter esperançoso e enfrentar as dificuldades da doença. “Percebi o tanto que é importante uma pessoa, mesmo em isolamento, ser cuidada. Eu não conseguia nem ver o rosto deles direito, de tanto equipamento que estavam usando, mas eles conversavam e encostavam em mim. Isso é muito importante. Te passa uma segurança maior”, diz.

 

Uma semana depois de ter recebido alta, o profissional acredita que, apesar das dificuldades, a internação foi inspiradora. Diferente de qualquer outro paciente, ao cruzar a porta de saída da UTI, Danilo já queria voltar. Desta vez, como enfermeiro, para poder ajudar outros pacientes a vencer o coronavírus. “Dá medo, porque vou estar onde está cheio de pacientes com Covid, só que, desta vez, será com um sentimento amoroso, com mais motivação, sem aquela parte robotizada do trabalho”, diz.



Fonte: Cofen | Portal da Enfermagem
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