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"Enfermagem é protagonista nos hospitais", diz especialista da Johns Hopkins

17/05/2019

Por mais que disponha de atendimento humanizado, conforto e equipamentos de alta tecnologia, o hospital é um ambiente indesejado. Para tornar a internação menos desagradável para pacientes e familiares, enfermeiros são peça-chave na rotina hospitalar, afinal, apenas eles mantêm contato direto – 24 horas por dia, sete dias por semana – com o internado. Para treinar e empoderar esses profissionais, o Hospital Moinhos de Vento(HMV), de Porto Alegre, promoveu no começo do mês o 5º Simpósio Internacional de Enfermagem.

 

Nos dois dias de evento, passaram pela instituição cerca 750 profissionais. Uma das palestrantes foi a enfermeira holandesa radicada nos Estados Unidos Wilma Berends, que soma anos de experiência de trabalho em unidades de terapia intensiva (UTI) pediátricas e no serviço de cardiologia. Desde 2015, lidera o setor de enfermagem da Johns Hopkins Medicine International, programa mundial de parcerias da Johns Hopkins School of Medicine, dos Estados Unidos. Ela falou a GaúchaZH sobre as tendências da área e as chamadas “conversas difíceis”. 

 

Sua palestra abordou as conversas difíceis no ambiente hospitalar, como quando a atitude de um enfermeiro ou de um médico precisa ser repreendida. Qual é a importância delas? 

 

Elas servem para todo mundo se dar conta de que a segurança do paciente deve ser o ponto de partida. Ao ir para o trabalho, toda a equipe deve ter isso como principal objetivo. E para se dar conta disso, é preciso ter certas conversas. Elas podem ser difíceis e duras. 

 

Por quê? 

 

Elas podem abordar as habilidades técnicas das pessoas e seus comportamentos. Contudo, são fundamentais, pois vão impactar na segurança do paciente. 

 

Como ter essas conversas cruciais no ambiente hospitalar? 

 

Essas conversas podem ser “fáceis” quando se identifica uma falha na habilidade técnica. Aí se diz: “Isso deveria ter feito assim e você não fez”. Ou outro exemplo: uma pessoa chega atrasada todos os dias ou três vezes por semana. Aí é muito fácil, é preto no branco. Mas falar sobre comportamentos é muito difícil. Se uma pessoa não age bem e começa a gritar com outra, é preciso reagir e lidar com isso. Há pesquisas que mostram que leva seis horas para uma pessoa superar um xingamento ou grito. Então, isso fica reverberando na cabeça dela e ela precisa medicar um paciente mesmo chateada, o que pode levar a erros. Há regras e expectativas de comportamentos que devem ser seguidos. Todo mundo tem que ser tratado da mesma forma, não importa se você é o cirurgião cardíaco que leva US$ 3 milhões para o hospital por ano ou não. 

 

Quando falamos em enfermagem, quais são as tendências mundiais de hoje? 

 

Há um monte de tecnologia atualmente. Tecnologia para tudo. No passado, havia um alarme no paciente, você tinha que ir até o quarto para vê-lo. Agora, você só olha o seu telefone e descobre qual tipo de alarme soou. Então, há novas tecnologias com as quais todo mundo deve se acostumar. Outra tendência é que as enfermeiras estão sendo vistas como uma profissão autônoma, elas não são mais apenas uma extensão dos médicos.

 

Elas não fazem apenas o que os médicos dizem, mas têm suas próprias mentes, podem pensar criticamente muito bem, podem tomar conta dos pacientes. Enfermeiros constituem o maior contingente de uma profissão dentro de um hospital e eles são as únicas que estão com os pacientes 24 horas por dia, todos os dias. Há muita ênfase agora na excelência de enfermagem. Há reconhecimentos de excelência difíceis de obter nos Estados Unidos. Fora dos EUA, somente oito hospitais têm, nenhum deles na América Latina. O Hospital Moinhos de Vento será o primeiro a contar com essa distinção. 

 

Qual é o principal papel do enfermeiro na atualidade? 

 

Advogar pelo paciente, garantir que o cuidado que ele está recebendo é seguro e de alta qualidade e que ele está recebendo a atenção de que ele precisa e quer. Deve incluir o paciente como um membro do time de cuidadores. Os pacientes e as famílias também, especialmente na pediatria. Tanto o paciente quanto a família deve ter uma voz para ser ouvida. 

 

Qual é a diferença no tratamento de crianças e adultos? 

 

Adultos podem advogar a seu favor. No caso das crianças, é muito difícil para os pais terem que deixá-los no hospital, porque eles são vulneráveis e não podem falar por si, principalmente quando são pequenos. Então, na pediatria é especialmente importante que o paciente esteja seguro. 

 

Quando comparamos Brasil e Estados Unidos, quais são as principais diferenças? 

 

Nos EUA, há uma tendência grande de preparo. Além da faculdade, de quatro anos, muitos profissionais têm mestrado e se especializam em áreas específicas, como os médicos especialistas no Brasil, por exemplo. Também há os chamados “providers” que podem prescrever, sob tutela de um médico. Eles têm um papel bem autônomo.



Fonte: Zero Hora | Portal da Enfermagem
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