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Rede D'Or abre hospital de luxo em SP em meio a briga com a Amil

02/05/2019

A cidade de São Paulo ganha no próximo dia 15 um novo hospital voltado à classe A. O Vila Nova Star, da Rede D’Or, chega com alta tecnologia, hotelaria seis estrelas e com a meta de concorrer com os tradicionais Albert Einstein e Sírio-Libanês. O momento, porém, não é dos melhores. A Rede D’Or, maior grupo de hospitais privados do país, e a Amil, maior operadora de planos de saúde, estão em pé de guerra.

 

Hospitais da rede no Rio e em São Paulo estão interrompendo o atendimento a usuários da Amil seja por decisão da operadora seja por iniciativa da Rede D’Or. No Copa D’Or, que inaugurou em 2016 a linha de luxo da rede, o atendimento para clientes da Amil estará suspenso a partir de 21 de junho. O Vila Nova Star tampouco foi credenciado pela Amil.

 

A Rede D’Or estima que cerca de 1 milhão de pessoas, que têm planos de saúde top, seja no Brasil ou em outros países, são clientes potenciais do novo hospital, instalado no Itaim Bibi (zone oeste). O setor suplementar brasileiro tem cerca de 48 milhões de usuários. “Estamos vindo com as mais avançadas tecnologias e práticas assistenciais e com diferenciais que o Sírio e o Einstein não têm”, afirma Paulo Moll, vice-presidente da Rede D’Or São Luiz, em entrevista concedida antes de a crise com a Amil se tornar pública. 

 

Moll acredita que o grupo terá no mercado de São Paulo o mesmo sucesso obtido no Rio. “Hoje, nós temos de 70% a 80% dos planos top do Rio. Parte disso eram os cariocas que vinham para São Paulo [antes do Copa D’Or].” Segundo ele, por ter uma rede com 44 hospitais no país, o grupo tem maior vantagem competitiva, com redução de custos assistenciais e mais recursos para investimentos. “Vamos ter funcionários assistenciais em quantidade superior à deles [12 por leito, contra 10 dos hospitais premium e cinco de média do setor]. Estamos investindo mais em tecnologia médica do que os nossos concorrentes.”

 

Com 90 leitos e investimento de R$ 350 milhões, o Vila Nova Star terá como âncora uma unidade oncológica comandada pelo médico Paulo Hoff, que chefia toda a área de câncer da rede. Uma das novidades é um equipamento de radiocirurgia de terapia robótica que permite tratar tumores como os de pulmão, fígado e próstata com maior precisão e menos efeitos colaterais. “O tratamento será mais rápido, menos tóxico e com efeito superior ao que já existe”, diz Hoff. Entre outros diferenciais do hospital está o setor de emergência, que tem boxes individuais equipados com banheiro. “O paciente não tem que ficar esperando atendimento sentado na cadeira”, diz Moll.

 

Nos quartos, camas inteligentes avisam a enfermagem sobre o risco de queda do paciente. Elas também são programadas para evitar as úlceras de pressão. Na alimentação, o cardápio é assinado pelo chef francês Roland Villard. Cada paciente terá um tablet por meio do qual poderá fazer videochamada com o posto de enfermagem, controlar as luzes e as persianas. Nesse momento em que o setor da saúde suplementar ainda sente os reflexos da perda de mais de 3 milhões de usuários em razão da crise econômica nos últimos anos, há mercado para mais um hospital voltado à classe A?


Segundo Moll, sim. “Noventa leitos serão poucos. Só o Paulo Hoff e equipe devem ocupar metade deles. Vamos trazer algo que o mercado de São Paulo ainda não tem.” Para o médico Walter Cintra Ferreira Júnior, coordenador do curso de gestão de saúde na Fundação Getúlio Vargas (FGV), não há mercado sobrando, mas, sim, um nicho que será disputado com o Einstein e o Sírio. “Não há demanda desassistida. Eles resolveram entrar num segmento para disputá-lo numa luta sanguinária. Estão chegando com um corpo clínico qualificado e muito investimento tecnológico.”


No momento, segundo ele, os hospitais concorrentes ainda sofrem os efeitos da crise. “O Einstein e o Sírio fecharam leitos, houve cortes de pessoal. Eles ampliaram, ampliaram, mas a economia retraiu.” Segundo o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Sidney Klajner, em 2018 a taxa de ocupação de leitos passou de 87% para 80%. “As pessoas perderam seus planos premium ou preferiram protelar tratamentos complexos. O hospital passou por adequações, demissões e fechamento de leitos, mas isso já está superado. Neste momento estamos fazendo contratações de emergência.”


O diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, disse à Folha que não comentaria o assunto. Outro debate que a chegada do Vila Nova Star tem suscitado no setor é se nesse momento em que se prega racionalidade nos custos da saúde há espaço para tanto requinte e alta tecnologia. “Será preciso gerar demanda para essa tecnologia toda. Quando você cria pressão na demanda sem necessidade, há impacto na sinistralidade dos planos de saúde e no aumento das mensalidades.”


Para Ferreira Júnior, luxo e tecnologia não agregam valor aos resultados. “A oferta de coisas supérfluas, que não têm impacto no chamado valor de saúde, só eleva o custo. Pode gerar valor para os acionistas, mas não para a saúde.”


Na opinião do economista Paulo Furquim, professor do Insper, do ponto de vista empresarial, o negócio é lucrativo. “Como as informações mais relevantes sobre a qualidade de um hospital [como taxa de infecção] não estão disponíveis, os pacientes acabam escolhendo com base em informações de hotelaria.” Mas, segundo ele, isso onera o sistema de saúde sem que haja uma melhoria correspondente na qualidade.


Sidney Klajner, do Einstein, concorda. “Agregar valor ao tratamento é agregar experiência, e ela não está ligada a amenidades. Há pesquisas mostrando que, para o paciente, o mais importante é que o profissional de saúde o escute e lhe dê confiança. Os últimos itens citados foram comida boa, requinte e outras amenidades.”



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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