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Em gravidez de gêmeas, uma das bebês nasce com síndrome de Down, em MT

11/02/2019

O dia 4 de outubro de 2017 marcou a vida da fisioterapeuta Raquel Cimi, 36. Já mãe de uma filha, Laura, ela deu à luznaquele dia as gêmeas Luiza e Lívia. O que ela não sabia, e descobriu no parto, foi que Luíza nasceu com Síndrome de Down.

 

Já era de conhecimento dela e do marido, o advogado Daniel Wurzius, 34, desde a 12ª semana de gestação, que uma das meninas tinha uma síndrome, mas não foi possível fazer novos exames para detectar qual era, pois havia risco para as bebês.

 

“Poderíamos ter feito outros exames, como o que retira líquido amniótico, mas como eram dois bebês, existia o risco de eu sofrer um aborto. Era preciso tirar líquido da Luiza e da Lívia, mas eram duas bolsas, duas placentas, havia o risco de perfurar e surgir alguma complicação”, disse Raquel, que mora em Sorriso (MT).

 

Como o casal avaliou que descobrir ou não qual era a síndrome não traria benefício para a vida das meninas, resolveu não arriscar. Isso, porém, fez com que a gestação fosse horrível, na avaliação da mãe. “Se eu soubesse que era Down, não teria sofrido o que eu sofri. Tive síndrome do pânico, não dormia, chorava todos os dias. Foi angustiante por não saber.”

 

O temor da mãe era que Luiza tivesse uma síndrome que pudesse provocar até mesmo sua morte. Disse ter pensado em síndromes como as de Edwards –que provoca uma série de más-formações– e Turner, o que a impedia de deixar preparado o quarto das bebês para quando elas nascessem.

 

“Não conseguia arrumar o quartinho para elas, não conseguia comprar o enxoval para as duas. Ia comprar e só pensava: ‘e se minha filha morrer?’. Há casos em que o bebê nasce com alguma síndrome e tem risco de morte. Meu medo era esse. Só pedia para vir com a síndrome de Down.” A fisioterapeuta disse que, caso tivesse feito o exame e soubesse, teria curtido a gravidez toda.

 

A gestação sofreu novo abalo quando Luiza apresentou alteração cardíaca. A família resolveu, a partir da 32ª semana, deixar temporariamente Sorriso –que não tem UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal– e morar em Cuiabá. Cinco semanas depois, as gêmeas nasceram –Luiza com 2,45 quilos e Lívia, com 2,48 quilos. Não precisaram ficar na UTI nem de auxílio de oxigênio.

 

“Quando nasceram tive a melhor sensação do mundo. A Luiza foi a primeira a nascer, eu queria ver logo. Como sou fisioterapeuta e atuo na saúde, olhei e vi que era Down, as características são bem evidentes. Me aliviou demais, o peso do mundo saiu de minha cabeça ao vê-la.”

 

O fato de uma das meninas ter a síndrome e a outra não se explica por terem sido geradas em placentas diferentes, segundo o geneticista Ciro Martinhago. Ele diz que uma a cada 85 gestações é de gêmeos, sendo que dois terços são de gêmeos diferentes (bivitelinos ou fratenos). “Quando são gêmeos e são diferentes, têm DNA distintos, apenas foram gerados na mesma gestação. É como se fosse uma agora e outra daqui a um ano. É plenamente plausível que um bebê possa nascer com doença genética e outro não”, afirmou.

 

A mãe diz que Luiza apresenta boa evolução, com o auxílio de profissionais como fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga. “Ela começou a trabalhar o engatinhar e fica em pé com apoio, segurando. Ainda não está caminhando, meu objetivo é ela andar até um ano e seis meses, no máximo dois anos.”

 

Martinhago diz que, além das terapias, a precocidade do diagnóstico beneficia não só o bebê, mas também a família. E, por isso, avalia ser importante a realização de exames genéticos modernos, não invasivos, durante a gestação. “De modo geral, se uma mãe faz exames ela já passa da fase da negação para a da aceitação quando a criança nasce."

 

Conforme o especialista, 40% dos indivíduos com Down têm cardiopatias, que não necessariamente necessitam de intervenção cirúrgica, e os bebês nascem hipotônicos –são mais “molinhos”. Segundo Martinhago, as crianças devem ser estimuladas no convívio com outras que não tenham a síndrome. “É cientificamente comprovado que em turmas de escola nas quais há pessoas com deficiência, os demais se unem para ajudá-la. Pode ser que ela não se desenvolva no mesmo ritmo, mas essa interação é importante pelos dois lados, para ela e para as outras crianças."

 

Rachel disse que, além das terapias atuais, a família também quer que Luiza faça musicoterapia e natação. “Sei que a condição da minha gestação de gêmeos foi rara, mas isso pouco importa. Quero que ela se desenvolva cada vez mais.”



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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