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THC pode cortar fissura causada por álcool, diz estudo da Unifesp

13/11/2017

Um estudo com roedores realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que o THC, princípio ativo da maconha, pode reduzir ou eliminar o efeito de fissura –a vontade extrema de repetição da dose– causado pelo álcool.

 

No estudo pré-clínico, verificou-se que os ratos tratados com THC não experimentaram um sintoma neurológico chamado de sensibilização, que é provocado pelo uso repetido de etanol em roedores e seres humanos. Em ratos, a sensibilização é caracterizada por um aumento na atividade locomotora, enquanto em seres humanos, ela é uma das responsáveis pela busca da repetição da dose.

 

No experimento, um grupo de ratos foi submetido a injeções de etanol por 11 dias, e depois tratado com THC por quatro dias. Esses animais apresentaram a mesma atividade locomotora que os pertencentes ao grupo de controle, os quais não haviam sido expostos ao etanol. Já os ratos submetidos a injeções de etanol, mas que não foram tratados com THC, apresentaram atividade locomotora cerca de cinco vezes maior do que os do grupo controle, sinal de que desenvolveram a sensibilização causada pelo álcool.

 

Para os pesquisadores, o resultado reforça o potencial do THC como tratamento para o alcoolismo e outras dependências químicas, como as causadas por crack e cocaína. "A sensibilização pode ser a transição entre o uso abusivo e a dependência", disse Renato Filev, neurocientista responsável pelo estudo. "Ela pode ser o gatilho que vai fazer com que o indivíduo retorne ao consumo. Se o THC pode neutralizar esse efeito, então talvez possamos usá-lo para evitar o desenvolvimento da dependência", completou o pesquisador da Unifesp.

 

OUTROS TESTES

 

No ano que vem, os pesquisadores pretendem realizar um estudo com seres humanos, para avaliar a eficácia de um extrato padronizado da cânabis no controle da dependência química. Serão selecionados cem homens diagnosticados com dependência leve, moderada ou pesada em crack. Eles serão orientados a vaporizar o medicamento canábico –ou o placebo, no caso do grupo controle– nos momentos em que sentirem a necessidade de consumir crack. "Acreditamos que existe uma possibilidade do medicamento reduzir a fissura e, por conseguinte, o consumo em usuários problemáticos", avalia Filev.

 

A expectativa tem respaldo em outros experimentos. Um estudo realizado em 1999, também na Unifesp, acompanhou 25 usuários de crack durante nove meses. Os pacientes usavam maconha para aliviar os sintomas da síndrome de abstinência e receberam tratamento psicoterápico. Ao fim desse período, 68% dos usuários deixaram de usar crack e atribuíram à maconha um papel decisivo em sua abstinência. 



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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