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Os perigos da polêmica terapia com plasma que está na moda nos EUA

08/03/2019

Elas não têm benefícios comprovados e, além disso, podem ser perigosas. O órgão responsável pela liberação de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) alertou recentemente sobre os riscos apresentados pelas terapias com plasma - que estão na moda no país e podem custar entre US$ 8 mil e US$ 12 mil (de R$ 30 a R$ 45 mil, aproximadamente).

 

O plasma é a porção líquida do sangue que contém os fatores de coagulação, anticorpos e outras proteínas - mas não inclui as hemácias (glóbulos vermelhos) ou os leucócitos (glóbulos brancos). A terapia consiste em uma transfusão de sangue normal, na qual o paciente recebe o plasma extraído de um doador, geralmente mais jovem, acreditando que pode se beneficiar de suas plaquetas enriquecidas.


Seringa com plasma

 

O plasma é uma solução aquosa que apresenta coloração amarelada

 

Antes de o plasma ser injetado no paciente, o sangue passa por um processo de desinfecção, que inclui ser submetido à centrifugação e diferentes mudanças de temperatura com o intuito de separar o plasma.

 

Essas terapias costumam ser usadas para supostamente retardar o envelhecimento e tratar doenças como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, estresse pós-traumático e perda de memória, mas o FDA alerta que não há evidências que sustentem sua eficácia.

 

"Não há benefício clínico comprovado da infusão de plasma de doadores jovens para curar, mitigar, tratar ou prevenir essas condições, e há riscos associados ao uso de qualquer produto do plasma."

 

Os riscos

 

Segundo a agência americana, se houver qualquer benefício, será muito menor do que os riscos envolvidos. Entre os principais riscos, estão:

 

Infecções: as doses de plasma administradas são altas e, embora sejam processadas para detectar a presença de agentes infecciosos, ainda há risco de transmissão bacteriana.

 

Alergias: as transfusões de plasma são frequentemente relacionadas a reações alérgicas graves, como anafilaxia, que podem causar urticária e bloquear as vias respiratórias.


Homem apalpando o coração

 

Pacientes com doença cardíaca pré-existente podem ter mais complicações quando se submetem ao tratamento

 

Problemas respiratórios: ocasionalmente, a transfusão de plasma pode causar lesão pulmonar aguda.

 

Complicações cardiovasculares: às vezes, uma transfusão pode causar uma sobrecarga do sistema circulatório, provocando uma inflamação no corpo e dificultando a respiração. Pacientes com doença cardíaca pré-existente são mais propensos a sofrer complicações.

 

A agência americana esclarece que essas terapias são desenvolvidas para pacientes com condições muito específicas, que são tratados em centros que cumprem as regulamentações do FDA e são supervisionados por um médico.


Mulher com amostra de sangue

 

Tratamento mais frequente é o do Plasma Rico em Plaquetas (PRP), uma espécie de 'autotransfusão'


Mas, mesmo assim, não são isentas de risco. As terapias com plasma estão em moda nos Estados Unidos há alguns anos e, desde 2015, começaram a aparecer na América Latina, onde o tratamento mais frequente é o do Plasma Rico em Plaquetas (PRP), usado por celebridades como Kim Kardashian para rejuvenescimento.

 

O procedimento utiliza o sangue da própria pessoa em uma espécie de "autotransfusão" - após ser coletado, o plasma é extraído e processado, sendo injetado novamente no paciente.

 

O PRP tem sido usado na medicina esportiva para acelerar a regeneração de tecidos lesionados. O atacante Neymar, do Paris Saint-Germain, foi submetido recentemente à técnica, em Barcelona, como parte do tratamento de uma lesão no pé direito. No Brasil, no entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) considera o procedimento experimental.

 

"A ABHH reitera o posicionamento do CFM e reforça que o PRP não possui evidências científicas suficientes para a sua utilização e nem de sua eficácia, podendo trazer riscos à saúde do paciente", diz trecho de uma nota publicada no site da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).



Fonte: BBC Brasil | Portal da Enfermagem
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