Neste ano que a Estomaterapia completa 30 anos no Brasil, é interessante abordar questões
que dizem respeito ao mercado de trabalho para os especialistas.
Dentre as três áreas de abrangência da especialidade – Estomias, Feridas e Incontinências, o
campo de atenção à pessoa com estomia, apesar de ter sido a origem da especialidade, é uma
área que precisa ser mais explorada pelos especialistas. Pessoas com estomias demandam
cuidados específicos e são diversos os aspectos que precisam considerados para além do
ensino do autocuidado. O uso da convexidade é um desses aspectos a serem explorados e
estudados e pesquisas precisam ser desenvolvidas; o uso de métodos para o controle
intestinal também, vez que a irrigação e o uso dos oclusores intestinais são muito benéficos
para as pessoas com estomias que tem indicação de uso, contribuem para o retorno às
atividades da vida diária da pessoa, facilitando sua reinserção social e autoestima.
Garantir que as pessoas com estomia saiam dos hospitais em que foram operados recebendo
orientações adequadas, saibam realizar o autocuidado e sejam devidamente encaminhados
aos recursos da comunidade para acesso aos equipamentos e adjuvantes e para dar a
continuidade no atendimento multidisciplinar é essencial para favorecer e agilizar o processo
de reabilitação.
A capacitação das equipes de Enfermagem para esse cuidado é necessidade contínua pois,
infelizmente, sabe-se que muito pouco ainda se aborda nos cursos técnicos e de graduação em
e, assim, a assistência a esse grupo de pessoas muitas vezes fica a desejar e por vezes até
mesmo iatrogênias acontecem por falta de conhecimento para atender pessoas com estomias.
A consulta de Enfermagem no pré-operatório é outra oportunidade que com frequência passa
e a orientação e preparo para a nova condição só vai acontecer no pós-operatório e muitas
vezes no pós-operatório tardio, gerando enfrentamentos difíceis para a pessoa e familiares,
situações que poderiam ser minimizadas ou evitadas se uma consulta de Enfermagem fosse
realizada antes da cirurgia.
A demarcação do local da estomia também é aspecto que comprovadamente favorece a
diminuição de complicações relacionadas a mesma e deve ser incorporada na prática clínica de
enfermeiros especialistas ou capacitados para tal.
Muitos desses problemas poderiam ser abolidos se serviços organizados de Estomaterapia
fossem organizados nas instituições de saúde do país, estabelecendo uma rede efetiva de
cuidados à pessoa com estomia, tanto nos serviços públicos e privados. O enfermeiro
estomaterapeuta é profissional tecnicamente preparado para tal e deve liderar esses serviços,
contribuindo assim para que além do cuidado de excelência ocorra, o especialista amplie e
mantenha seu espaço, de forma duradoura.
Foram muitos os desafios enfrentados até o momento, muitas conquistas também, mas com
certeza já temos vivências, experiências e conhecimento para efetivar cada uma dessas ações.
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