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Enfermeiras ajudam brasileiras na França a vencer depressão de inverno

05/12/2018

Quando Rafaela Tillier chegou a Paris, em 2012, ainda não imaginava a falta que o sol poderia fazer. Era inverno, dos mais rigorosos, com muita neve e dias curtos. Para a recifense de 32 anos, foi um choque. "Eu olhava para a janela do apartamento e dizia para mim mesma: não vou sair de casa hoje", diz.


Sem saber, na época Rafaela estava sendo vítima da chamada depressão sazonal, doença típica dos países europeus, provocada pela falta de luz, durante o inverno. O problema ocorre principalmente nos meses de novembro, dezembro e janeiro e melhora com a chegada da primavera.


A brasileira Ligia Paraiso, que chegou em 2015 ao país, gosta de frio. Aproveitou o primeiro inverno mas, no segundo ano, o peso da mudança de país se fez sentir. "Por eu ser enfermeira, tentava achar uma explicação bioquímica, na alimentação ou nas vitaminas. Passei o outono e o inverno chorando, uma depressão muito forte. Nunca tinha tido isso na minha vida", relata.


A estimativa é de que um a cada dez franceses tenha o problema. Os sintomas são parecidos com o de uma depressão clássica e incluem apetite redobrado, principalmente por doces, um desejo incontrolável de passar o dia deitado, pouca disposição para atividades sociais e ideias pessimistas.


Os antidepressivos são, na maior parte do casos, desnecessários. A doença melhora com a chamada fototerapia, uma exposição à uma lâmpada especial e, claro, com a chegada da primavera no hemisfério norte.


MAL É POUCO CONHECIDO NO BRASIL


No Brasil, onde a exposição solar é constante, a depressão sazonal é um mal desconhecido da população. Para quem muda de país, o mal-estar sentido é associado muitas vezes a uma depressão comum, bem mais grave. "Só me dei conta de que eu tinha vivido uma coisa estranha quando acabou o inverno e veio a vitalidade e o bom humor", descreve Rafaela.

 

Foi nas redes sociais, em grupos para brasileiras no Facebook, que as duas enfermeiras perceberam que o problema afetava uma boa parte das compatriotas que viviam na França. Uma das publicações delas sobre o tema teve mais de 120 comentários.

 

Sempre em contato com a comunidade de brasileiras na França, Rafaela e Ligia acabaram sendo convidadas para coordenar, de forma voluntária, o núcleo de saúde do Grupo Mulheres do Brasil. Criado por uma turma de executivas em 2013, liderada pela empresária Luiza Trajano (no comando da rede de lojas de varejo Magazine Luiza), neste ano, a associação ganhou uma filial em Paris, coordenada pela brasileira Andrea Clemente.

 

Depois de entrarem para o grupo, Rafaela e Ligia decidiram priorizar o tema e organizaram uma palestra na embaixada do Brasil em Paris, em outubro. O objetivo: explicar às brasileiras que vivem em Paris como lidar com a depressão sazonal —um assunto recorrente nas redes.

 

As 90 vagas, limitadas por conta do espaço, foram preenchidas rapidamente. As enfermeiras falaram, por exemplo, sobre a importância da luminoterapia no tratamento da doença. "Tem que ser uma luz específica, de 10 mil lux, deve ser feito de manhã, e o tempo de exposição depende da intensidade", ressalta Rafaela.

 

ALIMENTAÇÃO E REPOSIÇÃO DE VITAMINAS

 

"No Brasil, em todas as estações, temos cerca de 12 horas de luz por dia. Aqui não, em meses como novembro, a quantidade de luz é muito reduzida", diz Rafaela, que também é naturopata. Além disso, a alimentação e a reposição de nutrientes como a vitamina D ou o magnésio são extremamente importantes, lembra Ligia Paraiso. "Tenho um grupo de mães brasileiras na França e somos mil mulheres. Sempre digo para elas que, se uma mãe é afetada pela depressão sazonal, não é somente a saúde dela. É a saúde dela, dos filhos e do marido".

 

Ligia também lembra que os óculos de sol, ainda que sejam importante para proteger a vista, no inverno bloqueiam a luz solar, que entra pela retina. Rafaela ainda ressalta que é importante colocar um pouco de cor nas roupas para afastar a melancolia. "Já que estamos passando frio, vamos passar frio chiques, não é?", brinca. Conselho, garantem, que muitas brasileiras do grupo seguiram à risca.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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