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Estudo revela ligação da interleucina-6 com o TDAH

30/11/2018

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento muito comum e atinge, aproximadamente, de 5 a 11% das crianças em idade escolar. Entretanto, até hoje as causas específicas do TDAH não são completamente compreendidas pela medicina.


Mas, um novo estudo, publicado no Journal of Child Neurology, mostrou que o desenvolvimento do TDAH pode ter ligação com alterações no sistema imunológico, mais especificamente com níveis elevados de uma citocina pró-inflamatória, a interleucina-6 (IL-6).


O objetivo da pesquisa foi medir o nível sérico da interleucina-6 e estudar a sua correlação com a gravidade dos sintomas no TDAH. A pesquisa foi feita com 60 crianças com diagnóstico de TDAH e 60 crianças sem o diagnóstico (grupo controle). O nível sérico da interleucina-6 nas crianças com TDAH foi de 22,35 e no grupo controle foi de 5,44. Um número quase cinco vezes maior.


Papel da Interleucina-6 no sistema nervoso


Segundo a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, estudos anteriores já haviam levantado algumas hipóteses de que alterações no sistema imunológico poderiam levar a uma inflamação crônica do cérebro. “Alguns marcadores inflamatórios estão presentes em alguns distúrbios neuropsiquiátricos. Outro ponto é que alguns genes relacionados ao TDAH possuem funções imunológicas que alteram a sinalização inflamatória no cérebro”.


“O que poucas pessoas sabem é que a interleucina-6 é fundamental para a homeostase (pleno funcionamento) do sistema nervoso, assim como para o desenvolvimento normal dos neurônios e das células da glia, que auxiliam e dão suporte para o funcionamento do sistema nervoso. Porém, quando produzida em excesso, a IL-6 pode afetar o desenvolvimento cerebral nas crianças”, explica Dra. Andrea.


A especialista explica que o aumento dos níveis séricos da interleucina-6 pode alterar as vias neurais do cérebro em desenvolvimento, especialmente no que diz respeito à memória e à atenção.


"Isso porque esta citocina interfere na neurogênese (formação dos neurônios) e na plasticidade cerebral (capacidade de criação de novas redes neurais), principalmente nas regiões do córtex pré-frontal e do hipocampo. Portanto, a hipótese é que níveis elevados da IL-6 podem participar da origem do TDAH devido a essas alterações”, comenta Dra. Andrea.


Outros impactos do excesso da IL-6


A neuropediatra cita que o excesso da interleucina-6 também pode afetar a liberação de alguns neurotransmissores, potencializando o efeito excitatório e diminuindo o efeito inibitório. “Esse é um mecanismo que pode explicar a hiperatividade, por exemplo, um dos sintomas do TDAH. Também altera o tempo de reação e a memória de trabalho”.


Alguns estudos de imagem de pacientes com TDAH demonstram um menor volume cerebral e da massa cinzenta, especialmente nas regiões do córtex pré-frontal e dos núcleos basais, responsáveis por diversas funções, como emoções, cognição, coordenação motora e comportamento, entre outras. “Essas alterações de imagem podem ter relação com a interleucina-6, que afetaria, portanto, o desenvolvimento normal do cérebro”, explica Dra. Andrea.


Por fim, outra descoberta é que níveis elevados da interleucina-6 acarretam em uma diminuição da atividade neuronal no cingulado anterior e no córtex pré-frontal. “Essas áreas do cérebro estão diretamente envolvidas na atenção, na inibição do comportamento e na resistência à distração. Mudanças no funcionamento do córtex pré-frontal são evidentes em crianças e em adultos com TDAH”, ressalta a neuropediatra.


Relevância do estudo


“Uma vez que a interleucina-6 pode ter ligação com o desenvolvimento do TDAH, é possível usar substâncias para reduzir os níveis da IL-6 no organismo. Já há estudos que mostram que suplementos de ômega-3, por exemplo, melhoram a desatenção e a hiperatividade em algumas crianças com diagnóstico de TDAH. Uma das explicações que é o ômega-3 inibe a síntese das citocinas inflamatórias”, diz Dra. Andrea.


“Finalmente, os resultados também dão aos médicos uma nova abordagem no tratamento do TDAH, visando, principalmente, avaliar a imunidade dos pacientes e usar recursos terapêuticos que possam atuar para melhorar e equilibrar o sistema imunológico”, encerra a neuropediatra.



Fonte: divulgação | Portal da Enfermagem
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