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Você toma estatinas? Veja prós e contras das drogas que baixam o colesterol

23/04/2018

Cerca de 73 milhões de americanos têm níveis de colesterol que, segundo as diretrizes atuais, deveriam ser reduzidos tomando estatina. Mas quais os prós e os contras da terapia com o medicamento? Será que ela é adequada para todo mundo? Geralmente, os pacientes recebem uma receita pouco sabendo o que o remédio pode significar para sua saúde, e isso afeta a disposição de tomar e manter o tratamento.

 

Seth Martin, cardiologista preventivo do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, recomenda com veemência que usar a estatina seja uma decisão baseada em fatos, tomada em conjunto e personalizada entre médico e paciente, acompanhada por uma ou mais discussões a respeito das preocupações médicas e pessoais do indivíduo.


Talvez já lhe tenham receitado estatina e você esteja entre os 45% dos pacientes que nunca tomaram o remédio ou que a abandonaram em menos de seis meses, possivelmente por ter ouvido histórias de terror sobre seus possíveis efeitos colaterais. Se for isso, não estou surpresa. Notícias ruins sobre remédios voam, e relatos de efeitos colaterais costumam ser exagerados e raramente apresentados de forma significativa para quem pode ser afetado.

 

O mesmo também vale para os benefícios de uma medicação, geralmente prescrita com estatísticas que pouco significam para a pessoa comum. A desinformação ou a interpretação errada de informação factual podem resultar no que médicos chamam de efeito "nocebo" --a experiência de efeito colateral antecipado mesmo quando o paciente recebe uma pílula de açúcar.


Um exemplo pessoal: após tomar estatina durante quase duas décadas para reduzir um nível de colesterol elevado por influência genética, eu decidi tirar férias do remédio após ler como a medicação pode afetar o metabolismo muscular e, às vezes, provocar dor e lesão muscular. Será que a estatina era a causa, e não minha idade, de achar cada vez mais difícil pedalar, caminhar e nadar? Será que esse remédio normalmente valioso contribuía para minha dor nas costas?


"A expectativa que a pessoa tem dos efeitos da estatina pode resultar na experiência de sintomas e em relacioná-los à droga", explica Martin. Assim, posso me sentir melhor sem a estatina ainda que ela não seja responsável pelos meus sintomas. Independentemente do resultado, pretendo voltar à estatina para não sucumbir a um infarto "prematuro", como aconteceu com meu pai e meu avô. Como uma equipe internacional de pesquisadores assinalou em "The Lancet", em 2016, "afirmativas exageradas sobre o índice de efeitos colaterais com a terapia de estatina podem ser responsáveis pela sua subutilização entre indivíduos com risco acentuado de eventos cardiovasculares. Pois, considerando que os casos raros de miopatia e de quaisquer sintomas musculares atribuídos à terapia com estatina comumente se resolvem rapidamente quando o tratamento é interrompido, os infartos ou acidentes vasculares que podem acontecer se a terapia com estatina é interrompida desnecessariamente podem ser devastadores".


Ao contrário de medicações prescritas para tratar um sintoma ou doença, as estatinas costumam ser dadas a pessoas saudáveis para impedir um problema de saúde com potencial devastador, e ela deve ser tomada indefinidamente para ter melhor efeito. Quase metade dos norte-americanos com níveis de colesterol que os coloque em risco elevado de infarto ou acidente vascular não toma medicação para reduzir esse risco, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças. De acordo com as diretrizes atuais, entre as pessoas com mais de 60 anos, 87% dos homens e 54% das mulheres que não tomam estatinas deveriam fazer o tratamento.


Não resta dúvida de que as estatinas podem proteger a saúde de pessoas que já tiveram infarto ou acidente vascular (ou até mesmo angina) e, portanto, enfrentam um risco importante de reincidência que poderia ser fatal. Todavia, muitas pessoas - principalmente as que não se sentem à vontade para tomar medicação por qualquer motivo - resistem em tomar uma estatina diária se não tiverem histórico nem sintomas de doença cardiovascular, somente o risco de seu surgimento, ainda mais se não ficou comprovado que as drogas ajudem as pessoas a viver mais tempo. Além disso, as pessoas corretamente encaram o "risco" como uma possibilidade, não uma probabilidade, e variam no grau de risco que estão dispostas a tolerar.


Uma chance em cem pode ser aceitável para uma pessoa, enquanto outra possa achar muito arriscado uma chance em mil. Médicos definem o risco cardiovascular com uma chance porcentual de ataque cardíaco ou acidente vascular acontecerem nos próximos dez anos segundo a presença de fatores bem estabelecidos: colesterol alto, pressão alta, tabagismo, diabetes, idade, gênero e raça (e, em alguns casos, histórico familiar). Você pode determinar seu próprio risco usando a calculadora criada pelo Colégio Americano de Cardiologia e pela Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) em cvriskcalculator.com.


Se seu risco calculado for 7,5% ou mais, seu médico deve sugerir que você considere tomar estatina, embora um nível de colesterol relativamente alto possa não resultar nessa recomendação se você não tiver outros fatores de risco cardíacos. O número pretende que se "comece uma conversa, não que se receite um remédio", afirma o dr. Don LloydJones, professor de medicina preventiva da Faculdade Feinberg de Medicina, da Universidade Northwestern, e porta-voz da AHA. Digamos que seu risco seja de 19%.


Isso significa que entre cem pessoas com fatores de risco similares, 19 provavelmente terão um infarto ou acidente vascular na próxima década. Está disposto a correr esse risco? Ou prefere reduzi-lo em um terço tomando estatina? Somente você pode tomar essa resolução, e ela deveria ser baseada numa compreensão plena dos benefícios e riscos conhecidos das estatinas, não em algo que pode ter ouvido de um amigo ou lido na internet. O rótulo atual nas receitas de estatinas também não ajuda.

 

Em 2012, a FDA, agência norte-americana reguladora de alimentos e medicamentos, determinou que os alertas deveriam incluir vários efeitos colaterais reversíveis: confusão e perda de memória, problemas no fígado, aumento do açúcar no sangue e fraqueza muscular, além de interações com determinas medicações. Entretanto, o rótulo não afirma a raridade com que tais problemas acontecem e que ler a lista de possibilidades poderia afugentar pessoas, principalmente quem já receia tomar uma medicação pelo resto da vida.


Quanto mais tempo a pessoa fizer terapia com estatina, maior a redução no risco de um evento cardiovascular. A droga funciona principalmente reduzindo o nível nocivo do colesterol LDL no sangue que pode se acumular dentro das artérias que irrigam o coração e o cérebro. Ela também ajuda a estabilizar a placa existente, reduzindo as chances de que um pedaço se solte, desencadeando um infarto ou acidente vascular. Existem várias estatinas disponíveis que variam em potência e efeitos colaterais, e todas as marcas principais também podem ser encontradas como genéricos baratos.



Fonte: UOL | Portal da Enfermagem
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