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Sobe para três o número de mortes por febre amarela na Grande São Paulo

09/01/2018

A Secretaria de Saúde de Guarulhos, na Grande SP, confirmou nesta segunda-feira (8) a morte de um homem de 69 anos por febre amarela. Com isso, chega a três o total de óbitos provocados pela doença na região metropolitana de São Paulo. O homem, que não teve o nome informado, era morador do Jardim Munhoz, em Guarulhos, mas a suspeita é que ele tenha contraído a doença durante uma visita a uma chácara que tinha em Nazaré Paulista, próximo à divisa de Mairiporã, cidade da Grande SP visitada também pelas outras vítimas.

 

Segundo a pasta, o homem começou a apresentar os primeiros sintomas no dia 18 de dezembro e recebeu os primeiros atendimentos médicos no dia 20, no bairro do Tatuapé, na capital paulista, onde permaneceu internado. Ele ainda foi transferido para a UTI de um hospital particular, mas não resistiu.

 

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, desde o início de 2017 até o momento houve 29 casos autóctones silvestres (com transmissão por mosquitos que vivem em matas e na beira de rios) confirmados no Estado, sendo que em 13 deles o pacientes evoluiu para óbito. Além dos três óbitos, ao menos mais um caso da doença foi confirmado na região metropolitana –uma mulher de 27 anos está em estado grave no Hospital das Clínicas, na capital.

 

Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças do Estado, afirma que a expansão da doença era prevista desde o ano passado, o que fez com que as regiões de maior risco fossem vacinadas previamente. Em Mairiporã, por exemplo, cerca de 90% da população recebeu a dose no segundo semestre de 2017, afirma.

 

Apesar disso, a campanha não conseguiu conscientizar os viajantes. "A orientação a essas pessoas é mais difícil. Não tem como saber de onde eles vêm e pra onde vão, não tem como colocar uma porteira. Esses casos agora servem como um alerta maior para a população entender que se for viajar em região de mata precisa ser vacinada", avalia Boulos.


VACINAÇÃO GRADATIVA


No último final de semana, a secretaria do governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a ampliação da vacinação contra a doença para todo o Estado. Para que a imunização seja estendida a todo o Estado, a vacina será fracionada –no Brasil, ela é aplicada em dose única, seguindo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).

 

O fracionamento permite uma oferta maior. A estratégia será a de aplicar a dose única nas áreas de risco, e as fracionadas, que imunizam por até nove anos, nas demais regiões. "Foi decidido em reunião com o Ministério da Saúde. A partir de agora estamos treinando o pessoal e adequando a logística para vacinar o Estado todo", disse o secretário estadual da Saúde, David Uip, em entrevista ao "SP 2" no último sábado (6).

 

Segundo Boulos, a ampliação da campanha para todo o Estado já estava prevista desde o ano passado e acontecerá de forma gradual. As regiões a serem inseridas na campanha a partir de fevereiro seguirão o critério de aproximação de áreas com maior concentração de mata, chegando à cobertura total do Estado até o final do ano. Ele destaca, no entanto, que os viajantes que pretendem visitar áreas de risco devem ser vacinados, independentemente de onde moram.

 

"As pessoas devem ficar preocupadas, mas não desesperadas. A doença está aqui há alguns meses, mas em áreas de concentração de mata. O problema é a desinformação", afirmou. A imunização não é indicada para gestantes, mulheres que estão amamentando crianças nem para pacientes que fazem quimioterapia, radioterapia ou tomam corticoides em doses elevadas, como quem tem lúpus.

 

PARQUES FECHADOS

 

Desde outubro, 26 parques municipais e estaduais foram fechados nas zonas norte, sul e oeste da capital e na Grande São Paulo. Eles estão em regiões que fazem divisa com municípios onde macacos morreram da doença. Boulos, no entanto, afirma que os espaços não deverão ficar fechados por muito mais tempo. "O que precisa é vacinação e conscientização. Quando temos esses dois fatores sou favorável à abertura, claro que com orientações. Mas não pode ficar fechado para sempre."

 

Os primatas não humanos não transmitem o vírus diretamente para pessoas –a transmissão ocorre se símios infectados forem picados por um mosquito, e o mesmo mosquito picar um humano. A chamada febre amarela urbana, que ocorre quando um mosquito Aedes aegypti pica um humano infectado e depois outro humano, não ocorre no país desde 1942 (entenda abaixo).

 

Entre julho de 2016 e dezembro de 2017, foram registradas 2.588 ocorrências (morte ou adoecimento) da febre amarela em macacos, bugios e outros primatas não humanos em São Paulo, sendo que 595 desses animais tiveram a doença confirmada por análise do Instituto Adolfo Lutz –63% deles na região de Campinas.

 

As cidades de infecção das 13 pessoas mortas no Estado pela doença desde 2017 foram Américo Brasiliense, Amparo, Batatais, Monte Alegre do Sul, Santa Lucia, São João da Boa Vista, Itatiba, Mairiporã e Nazaré Paulista. Casos que não resultaram em mortes ocorreram em Águas da Prata, Campinas, Santa Cruz do Rio Pardo, Tuiuti, Mococa, Jundiaí e Mairiporã.

 

O surto de febre amarela que atingiu o Brasil em 2017 foi o maior com número de casos em humanos desde 1980. De dezembro de 2016 a junho do ano passado, foram confirmados 777 casos e 261 mortes pela doença no país. Em setembro, o governo federal deu o surto como encerrado. O último caso havia sido registrado em junho, no Espírito Santo.

 

Ciclos de transmissão

Ciclos

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Sintomas

 

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Prevenção


Vacinação
- Crianças: a partir dos 9 meses (6 meses em áreas de risco)
- Adultos não vacinados: uma dose


Para evitar picadas
- Usar repelente (evitar os que também têm protetor solar)
- Aplicar o protetor antes do repelente
- Não usar repelentes em crianças com menos de 2 meses
- Evitar perfume em áreas de mata
- Vestir roupas compridas e claras (ou com permetrina)
- Usar mosqueteiros e telas


Controle do mosquito
- Evitar água parada e tomar os mesmos cuidados da dengue, porque há risco de a doença ser contraída pelo Aedes aegypti (o que não acontece no Brasil desde 1942)


Distância de áreas de risco
- Evitar áreas de mata com registros da doença; caso vá viajar a esses locais, tome a vacina ao menos dez dias antes

 

Tratamento


- É apenas sintomático, com antitérmicos e analgésicos (anti-inflamatórios e salicilatos como AAS não devem ser usados)
- Hospitalização quando necessário, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas
- Uso de tela, por exemplo, para evitar o contato do doente com mosquitos

 

Perguntas e respostas


Como se prevenir contra a febre amarela?
A vacinação é a principal medida de prevenção e controle


Quem deve se vacinar?
Pessoas que moram ou vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro das áreas de risco, no Brasil ou no exterior –a imunização deve ser feita dez dias antes da viagem. A lista de cidades com recomendação pode ser consultada em saude.gov.br/febreamarela


As crianças podem receber a vacina da febre amarela junto com outras vacinas?
Sim, exceto com a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) ou a tetra viral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Se a criança não recebeu nenhuma das três e for atualizar a vacinação, ela deve tomar a de febre amarela e agendar a tríplice ou a tetra para 30 dias depois


Já tive febre amarela, preciso me vacinar?
A infecção provoca imunidade bastante duradoura


A vacina é 100% eficiente? É segura?
A eficácia chega a 90% e ela é bastante segura. Pode causar reações adversas, como qualquer medicamento, mas casos graves são raros. Dores no corpo, de cabeça e febre podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados


Onde ela está disponível?
Na rede pública, pode ser encontrada gratuitamente em unidades básicas de saúde. Na particular, custa cerca de R$ 250


Quantas doses é preciso tomar?
Uma dose é suficiente para a vida toda, segundo o Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde). No caso das crianças, ela pode ser tomada a partir dos nove meses de idade (seis meses para as que vivem em áreas de risco)


Como será feita a imunização no Estado de SP em 2018?
A estratégia será aplicar a dose única nas áreas de risco e a fracionada (que só imuniza por nove anos, mas permite uma oferta maior) nas demais regiões. A campanha de vacinação ocorrerá de forma gradual, a partir de fevereiro, com prioridade para os locais com maior concentração de mata. A ideia é cobrir todo o Estado até o final do ano


Quem não pode tomar a vacina?
imunização não é indicada para gestantes, bebês com menos de 6 meses (e mulheres que amamentam crianças até essa idade), alérgicos a ovo e pessoas imunodeprimidas em razão de doença ou tratamento. No caso de pessoas com doenças autoimunes ou com mais de 60 anos, a vacinação deve ser analisada por um médico


Tenho indicação para vacina, mas perdi meu cartão de vacinação e não sei se tomei a dose. O que fazer?
Procure o serviço de saúde que costuma frequentar e tente resgatar seu histórico. Caso não seja possível, a recomendação é fazer a vacinação normalmente


Após a infecção pelo vírus, em quanto tempo a doença se manifesta?
Os sintomas iniciais aparecem de três a seis dias depois


Quais são os sintomas?
Inicialmente, febre, calafrios, dores no corpo, náuseas e vômitos. A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais, mas cerca de 15% desenvolvem sintomas mais graves, como hemorragia, que podem levar à morte


Fontes: Ministério da Saúde, OMS (Organização Mundial da Saúde) e Sociedade Brasileira de Infectologia



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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