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França: transplante de fezes cura pacientes com bactéria resistente

12/07/2017

Um tratamento desenvolvido na França para combater a bactéria Clostridium difficile, que provoca fortes diarreias e dores de barriga, deverá ser usado no futuro para tratar outras doenças digestivasgraves. Trata-se do transplante de fezes, método que promete revolucionar a vida de muitos pacientes.

 

A Agência Nacional de Medicamentos francesa reconheceu a prática em 2013, utilizada em cerca de 30 hospitais do país. O princípio é simples e consiste em recolher amostras dos cerca de 100 bilhões de microrganismos que compõem a flora intestinal de indivíduos saudáveis e introduzi-los no tubo digestivo dos doentes. A taxa de cura é de 90% para os portadores da bactéria Clostridium.

 

"Na prática, usamos as fezes de um doador, que será selecionado. Essa é a etapa mais complicada: achar o bom doador. Vai depender de sua história, seus antecedentes, dos remédios que toma. Depois faremos vários exames, para procurar agentes infecciosos no sangue e nas fezes", explica o gastroenterologista francês Harry Sokol, criador em 2014 do GFTF (Grupo Francês do Transplante de Fezes).

 

Em seguida, as fezes são misturadas com soro fisiológico e os resíduos são filtrados. A preparação pode ser usada imediatamente ou congelada a uma temperatura de - 80°.

 

O transplante é feito durante uma coloscopia ou através de uma sonda que vai até o duodeno e deposita a substância. Na maior parte do tempo, uma hospitalização é necessária, mas o objetivo é que o ato possa em breve ser ambulatorial. O método, afirma o especialista francês, não assusta e nem intriga os pacientes. "Pelo contrário, eles são os primeiros a falar sobre o procedimento e a solicitarem o tratamento", diz Sokol.


SÍNDROME DE CROHN

 

A novidade agora é que as pesquisas indicam que esse mesmo remédio poderá em princípio ser usado para tratar patologias como a doença de Crohn, processo inflamatório grave que provoca a necrose de partes do intestino e atinge principalmente jovens. O estudo está em um estágio avançado e os pacientes que vão testar o método já foram selecionados.

 

"Teremos os primeiros resultados dos estudos no fim do ano. Mas, infelizmente, embora as pesquisas mostrem um resultado positivo no caso da doença de Crohn, para que o tratamento seja validado e possa ser usado no cotidiano precisamos de tempo", explica o gastroenterologista.

 

Além dessa doença, outros 155 estudos em torno da flora intestinal estão sendo feitos no mundo envolvendo outras doenças, como diabetes, obesidade, síndrome do intestino irritável e efeitos da quimioterapia no intestino ou patologias autoimunes.

 

Isso porque a composição da flora intestinal orienta a resposta do sistema imunológico. Sem contar a influência desse órgão misterioso no cérebro.

 

"Sabemos, há muito tempo, que existem fortes conexões entre o cérebro e o intestino, que um influencia o outro e vice-versa. Hoje os dados nos levam a crer que a flora intestinal tem um papel no desenvolvimento de doenças neuropsiquiátricas, como o autismo, o mal de Parkinson, talvez o mal de Alzheimer, depressão e provavelmente outras patologias", diz o gastroenterologista francês.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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