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Colesterol pode proteger célula do sangue contra parasita da malária

12/07/2017

Pesquisas recentes demonstraram que uma possível vacina ou tratamento contra a malária podem estar vinculados a propriedades de uma pequena, humilde mas vital célula humana –o glóbulo vermelho.

 

As células vermelhas do sangue são a principal vítima do parasita da malária. A infecção começa pelo ataque do parasita ao fígado, mas a doença propriamente dita se estabelece em um estágio seguinte, com a invasão das células sanguíneas pelo parasita, um ser vivo também composto por apenas uma célula e conhecido como plasmódio.

 

Essa célula é a mais comum no organismo humano –um adulto tem entre 20 a 30 trilhões delas, o equivalente a cerca de 70% de todas as células da pessoa. Mas sua função é vital: transportar oxigênio para os tecidos do corpo. O parasita da malária não poderia achar um alvo mais perigoso para a saúde humana.

 

Na superfície da célula vermelha estão os receptores, moléculas que lidam com a comunicação com o mundo de fora e que são os alvos dos parasitas da malária. Um trabalho publicado na revista "PNAS", da Academia de Ciências dos EUA, por cientistas coordenados pelo Imperial College London mostrou como o parasita consegue penetrar a célula ao interagir exatamente com os receptores, as "glicoforinas", da membrana que separa a célula do mundo de fora.

 

Os parasitas que saem do fígado têm "motores" moleculares para penetrar o glóbulo vermelho. Mas o estudo mostra que eles conseguem também mudar propriedades das células para obter a entrada: a parede celular se torna mais flexível graças a eles.

 

A proteína do parasita responsável pela invasão celular já era conhecida, a EBA175. Os pesquisadores agora mostraram como essa proteína age afetando as propriedades físicas da membrana, diretamente enfraquecendo a defesa da célula.

 

A pesquisa, contudo, demonstrou algo inesperado: diferenças na rigidez da membrana podem influenciar a capacidade de invasão pelo parasita. Ou seja, o tão vilipendiado colesterol pode ter um efeito protetor contra a infecção por malária. Os resultados sugerem que glóbulos vermelhos com níveis mais altos de colesterol podem ser mais resistentes à invasão e, portanto, à infecção pelo parasita.

 

"Descobrimos que a entrada de glóbulos vermelhos não é apenas pela capacidade do próprio parasita, mas que as mudanças iniciadas por parasitas nas células vermelhas do sangue parecem contribuir para o processo de invasão", declarou a primeira autora do estudo, Marion Koch, do Imperial College.

 

"Isso também pode significar que células naturalmente mais flexíveis seriam mais fáceis de serem invadidas por parasitas, o que suscita algumas questões interessantes. Os parasitas escolheriam quais células invadir, escolhendo a mais deformável? A susceptibilidade à malária seria modificada pelo teor de gordura ou colesterol ou pela idade dos glóbulos vermelhos circulantes?", questiona.

 

O líder da pesquisa, Jake Baum, também do Imperial College, afirma que para entender melhor a infecção é preciso, além de estudar a biologia do parasita, investigar as respostas que as células do sangue exibem.

 

De acordo com Baum, "existem terapias desenvolvidas para doenças como o HIV que fortalecem as respostas do corpo, além de abordar o invasor. Não é impossível imaginar algo parecido com a malária, por exemplo, olhando para um alvo de drogas dirigido ao hospedeiro e não apenas ao parasita".


GENÉTICA PROTETORA

 

Outra pesquisa também fez descobertas interessantes sobre a malária: uma variação natural em genes ligados aos receptores na superfície da célula vermelha do sangue pode conferir um risco 40% menor da pessoa contrair a malária mais severa, aquela produzida pela espécie de plasmódio conhecida pelo nome científico Plasmodium falciparum (a mais comum e letal na África, menos comum no Brasil).

 

Publicado na revista científica "Science", o estudo de uma equipe coordenada por pesquisadores do instituto britânico Wellcome Trust Sanger Institute foi o primeiro a demonstrar o papel protetor das diferenças genéticas nos genes dos receptores de "glicoforinas". O trabalho envolveu vasculhar o genoma de milhares de africanos em vários países do oeste e leste da África subsaariana.

 

Um dos objetivos da pesquisa foi ampliar o leque de estudos com diferentes populações africanas, nem sempre adequadamente representadas nos estudos. Isso é ainda mais importante quando se nota a grande variedade genética dessas populações.

 

Existem duas glicoforinas básicas envolvidas na infecção, tipos A e B, mas a equipe notou que pessoas que têm uma forma híbrida dessas moléculas são menos propensas a desenvolver complicações graves da doença.


Há seis espécies diferentes de parasitas que causam malária em humanos, mas Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax são os tipos mais comuns. O P. vivax é o mais comum causador da doença no Brasil, mas é quase ausente na maior parte da África ao sul do Saara.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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