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Consumo de adoçante dispara nos EUA e preocupa especialistas

13/01/2017

Em uma década, o consumo de adoçantes entre os americanos disparou.

 

Entre os adultos, o uso diário ou quase diário foi de 27% para 41% –aumento de mais de 50%. Entre as crianças e adolescentes, o crescimento foi ainda maior, de 200% (de 9% para 25%).

 

Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada por cientistas de diversas instituições dos EUA a partir de dados coletados pelo governo entre 2009 e 2012, que contou com quase 17 mil respostas de adultos e jovens. Nos EUA quase 40% da população adulta é obesa. A comparação foi feita com a mesma pesquisa feita em 1999/2000.

 

Os resultados foram publicados nesta semana na revista "Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics". A grande escalada no uso de adoçantes e de produtos que os contêm causou preocupação nos cientistas, que agora levantam a lebre da importância de estudar os efeitos do uso da substância em longo prazo, coisa ainda desconhecida em humanos. No Brasil, não existem estatísticas oficiais a respeito, mas, segundo especialistas, a tendência é a mesma.

 

Até a década de 1980, os adoçantes só eram vendidos em farmácias e indicados para pessoas com diabetes. A expansão do uso para pessoas que queriam perder peso veio no fim daquela década, explica a nutricionista Rosana Farah, professora da Universidade Mackenzie.

 

"Virou uma alternativa para quem quer reduzir as calorias da dieta e não abre mão do sabor doce", diz. No entanto, há pesquisas que indicam que as substâncias não são tão inertes quanto se pensava. Em um estudo com moscas, observou-se que a sucralose (um dos adoçantes de maior aceitação entre consumidores) provocou um aumento (reversível) na ingestão calórica de 30% em comparação com os insetos que tinham açúcar na dieta.

 

Se o mesmo valer para humanos, será uma arapuca fisiológica: com o adoçante, o organismo se encarregaria de buscar uma compensação pelo paladar doce sem as calorias correspondentes.

 

"Não dá para enganar o cérebro", afirma Sophie Deram, nutricionista especialista em comportamento alimentar. "Não há comprovação de que adoçantes são substâncias nocivas e não é preciso travar uma guerra contra eles, mas é saudável diminuir o paladar doce. A pessoa às vezes nem sabe quantas gotas de adoçante põe no café. Algumas colocam um jato –e adoçante não é água."

 

Ela diz que muito do que uma boa nutrição pode oferecer é perdido quando o debate é reduzido à economia de calorias. "As pessoas têm de fazer as pazes com a comida." O raciocínio é semelhante ao de Rosana: "O trabalho necessário é reeducar o paladar, ensinar as pessoas a sentirem o sabor dos alimentos. Quando uma pessoa enche o café de açúcar ou adoçante, elas não sentem o sabor de verdade", exemplifica.


EVIDÊNCIAS

 

Se não existem evidências fortes contra o uso de adoçantes, também não há a favor. Pelo contrário: na literatura científica começam a pipocar associações (onde não há relação de causa e efeito) não favoráveis para quem se vale das substâncias artificiais.

 

Um estudo brasileiro com quase 13 mil pessoas observou um risco maior de diabetes em pessoas de peso normal que consomem bebidas adoçadas artificialmente (mas, curiosamente, a associação não foi vista entre as pessoas acima do peso.) A pesquisa americana também mostra que o uso de adoçantes é maior entre gordos.

 

"O uso de adoçante é, no máximo, um coadjuvante em uma série de outras medidas a serem tomadas na reeducação alimentar. Seria injusto colocar a culpa da obesidade nele", argumenta Rosana.

 

Bebidas diet e light industrializadas são as os produtos artificialmente adoçados favoritos mundo afora. Seria uma alternativa barata e de sabor aceitável para economizar calorias, mas, que no final das contas, não vale a pena, afirma Sophie. Para as crianças, afirma ela, os danos dos adoçantes são potencialmente maiores, por isso seria bom evitar.

 

"A melhor opção para matar a sede e se hidratar é beber água. Se está com vontade de tomar um suco ou um refrigerante, normal ou diet, o ideal é tomar só um pouco e estando hidratado."



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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