O cuidado de pacientes com feridas é tema recorrente e de grande interesse para os estomaterapeutas. As novidades em tratamentos e tecnologia sempre geram grande interesse em todos os canais da Sobest. Neste texto com várias referências bibliográficas, o enfermeiro estomaterapeutas Carlos Henrique Silva Tonazio, mestrando em Bioengenharia pela Escola de Engenharia Mecânica da UFMG, compara duas fontes de luz para cicatrização de feridas, elencando as diferenças entre laser e LED.
Há algumas décadas, o laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) de baixa intensidade tem sido utilizado para a fotobiomodulação em feridas, objetivando a cicatrização. Nesse caso, especificamente a biomodulação ocorre em todas as fases da cicatrização, aumentando fatores de crescimento celular além de estimular a fase proliferativa e participar na orientação da fase de maturação1,2,3,4.
O laser de baixa intensidade promove o aumento da angiogênese com consequente aumento da deposição do colágeno, sendo que essa capacidade de estimular a formação de novos vasos é fator essencial para a cicatrização de lesões. Com isso amplia-se a utilidade da fotobiomodulação já que permite aumento na taxa do metabolismo celular e consequentemente na atividade mitótica do organismo 5,6,7. Excelentes resultados têm sido encontrados em estudos in vitro com a utilização da luz vermelha na neoangiogênse, relevando essa capacidade da biomodulação8.
Com o passar do tempo o LED (Diodo Light Emitting) passou também a ser utilizado no processo de fotobiomodulação através da estimulação do citocromo C Oxidase nas mitocôndrias10,11.
Comparação entre os efeitos do Laser x LED na fotobiomodulação12
Características |
LASER |
LED |
Direção |
Colimada |
Não colimada |
Onda |
Coerente |
Não coerente |
Cumprimento da onda |
Entre 300 e 10.600 nm |
Entre 384 e 780 nm |
Baixa divergência |
Não, pode exigir filtro para corrigir. Desperdício de energia. |
Sim, perfeito para atingir áreas específicas. |
Dose |
0,1 a 10 J/cm2 |
0,1 a 10 J/cm2 |
Dose terapêutica |
Até 5 J/cm2: Doses muito baixas não têm efeito terapêuticos e doses muito altas têm efeitos inibitórios. |
Até 5 J/cm2:Doses muito baixas não têm efeito terapêuticos e doses muito altas têm efeitos inibitórios. |
Janela Terapêutica |
Sim |
Sim |
Mecanismo de ação |
A absorção da energia é o mecanismo principal |
A absorção da energia é o mecanismo principal que permite que a luz |
Faixa de ação no citocromo c oxidase. |
Infravermelho |
Vermelho |
Efeitos biológicos |
Os efeitos biológicos Redução de células inflamatórias, o aumento da proliferação |
Os efeitos biológicos Redução de células inflamatórias, o aumento da proliferação |
Considerações
É importante o profissional conhecer as tecnologias disponíveis para o uso na sua prática clínica. Percebe-se que o LED e o LASER são eficazes no processo de biomodulação já que os efeitos biológicos são semelhantes e a preocupação inicial de que esse efeito fosse diretamente ligado à coerência do LASER foi descartado, já que a luz ao penetrar o tecido perde essa coerência, sendo essencial a dose e comprimento de onda para que haja a fotobiomodulação.
Referências
- Medrado, A.R., Pugliese, L.S., Reis, S.R., et al. (2003). Influence of low level laser therapy on wound healing and its biological action upon myofibroblasts. Lasers Surg. Med. 32, 239–244.
- Whelan, H.T., Smits, R.L. Jr., Buchman, E.V., et al. (2001). Effect of NASA light-emitting diode irradiation on wound healing. J. Clin. Laser Med. Surg. 19, 305–314.
- Kipshidze, N., Nikolaychik, V., Keelan, M.H., et al. (2001). Lowpower helium-neon laser irradiation enhances production of vascular endothelial growth factor and promotes growth of endothelial cells in vitro. Lasers Surg. Med. 28, 355–364.
- Reddy, G.K., Stehno-Bittel, L., and Enwemeka, C.S. (2001). Laser photostimulation accelerates wound healing in diabetic rats. Wound Repair Regen. 9, 248–255.
- Reddy, G.K. (2003). Comparison of the photostimulatory effectsof visible He-Ne and infrared Ga-As lasers on healing impaireddiabetic rat wounds. Lasers Surg. Med. 33, 344–351.
- Yu, W., Naim, J.O., and Lanzafame, R.J. (1997). Effects of photostimulation on wound healing in diabetic mice. Lasers Surg. Med.20, 56–63.
- Agaiby, A.D., Ghali, L.R., Wilson, R., et al. (2000). Laser modulation of angiogenic factor production by T-lymphocytes. Lasers. Surg. Med. 26, 357–363.
- Schindl, A., Merwald, H., Schindl, L., et al. (2003). Direct stimulatory effect of low-intensity 670-nm laser irradiation on human endothelial cell proliferation. Br. J. Dermatol. 148, 334–336.
- Whelan, H.T., Buchmann, E.V., Dhokalia, A., et al. (2003). Effect of NASA light-emitting diode irradiation on molecular changes for wound healing in diabetic mice. J. Clin. Laser Med. Surg. 21, 67–74.
- Vink, E.M., Cagnie, B.J., Cornelissen, M.J., et al. (2003). Increased fibroblast proliferation induced by light-emitting diode and low-power laser irradiation. Lasers Med. Sci. 18, 95–99.
- Wong-Riley, M.T., Bai, X., Buchmann, E., et al. (2001). Lightemitting diode treatment reverses the effect of TTX on cytochrome oxidase in neurons. Neuroreport 12, 3033–3037.
- Chaves, M.E., Pinotti, M., de Araújo, A.R., Piancastelli, A.C.C. Efeitos da luz de baixa potência na cicatrização de feridas: LASER x LED. Anais Brasileiro de Dermatologia. 2014;89(4):616-23. ISSN-e 1806-4841. Disponível em: http://www.anaisdedermatologia.org.br/detalhe-artigo/102095/Efeitos-da-luz-de-baixa-potencia-na-cicatrizacao-de-feridas--LASER-x-LED-.Acessado em 12 de junho de 2015.
Comentários
Nenhum comentário enviado, seja o primeiro. Participe!